CELINA GUIMARÃES, PRIMEIRA ELEITORA DO BRASIL

quarta-feira, 10 de março de 2021

CELINA DE AMORIM GUIMARÃES

 



Celina de Amorim Guimarães nasceu em Natal, a 15 de novembro de 1890. Era filha de José Eustáquio de Amorim Guimarães e Eliza de Amorim Guimarães.

Estudou na Escola Normal de Natal, onde concluiu o curso de formação de professores. E foi nessa mesma escola que conheceu aquele que seria o seu companheiro por toda a vida: Elyseu de Oliveira Viana, um jovem estudante vindo de Pirpirituba/PB, com quem se casou em dezembro de 1911.

Em janeiro de 1912, foi designada para ensinar a cadeira de Ensino Misto Infantil do Grupo Escolar Tomás Araújo, em Acari, juntamente com o seu marido, onde permaneceram até 1913.

Em 13 de janeiro de 1914, atendendo convite do dr. Manuel Dantas, então diretor de Instrução Pública do Estado do Rio Grande do Norte, foi transferida para Mossoró, onde assumiu a cadeira infantil do Grupo Escolar 30 de Setembro. Como educadora, inovou as técnicas pedagógicas da época, abolindo métodos grosseiros, como o uso da palmatória para castigo físico dos alunos que não aprendiam a lição, buscando a participação do alunato. Era uma mulher muito dinâmica, inteligente e assídua no trabalho. Essas qualidades fizeram que ela fosse merecedora de elogio individual registrado no relatório elaborado em setembro de 1914 pelo inspetor de ensino, professor Anfilóquio Câmara, e inscrito no Livro de Registro Profissional.

Para ilustrar o perfil da mulher Celina Guimarães, pode-se citar um exemplo: certo dia, um grupo de rapazes, alunos do Grupo Escolar 30 de Setembro, no qual ela e o marido ensinavam, foram procurá-la querendo aprender como se praticava o esporte que se chamava futebol. E Celina aceitou o desafio. Foi assim que numa certa manhã dona Celina apareceu na Praça do Moinho, ou da Escola Normal, de livro na mão e apito na boca, cercada de meninos desejosos de aprender o novo esporte. Decidida, ela mandou que colocassem duas pedras, numa distância de quatro metros de cada lado, delimitando os goals, e passou a dividir a garotada: onze para cada lado. Por falta de uniformes, decidiu que um time jogaria com camisas e o outro sem camisas para diferenciar. A bola de couro havia sido comprada pelos pais da garotada.

Acontece que a regra de futebol daquela época era toda em inglês. Assim sendo, além de explicar como se jogava e como se marcava o gol, tinha ainda de explicar o que era off-side, corner-kick, foul, reefery, fire-kick e field. Mostrou as posições de cada jogador, o que era back, keeper, half, center-half, forwards, 1° half-team, 2° half-team, team etc., ensinou o que cabia ao goleiro fazer dentro de sua barra, a posição certa dos backs e o papel do centro-médio que teria de jogar no meio do campo acompanhando a linha dos dianteiros. Ensinou como os pontas (direito e esquerdo) deveriam atuar, os meias e o center-forward, que seria o homem-tanque da ofensiva, desbravando as defesas e marcando muitos gols.

Dadas as explicações iniciais, pôs a bola no centro do campo, colocou cada um na sua posição e acionou o apito. A princípio, a dificuldade era grande por parte da garotada, que teimava em botar a mão na bola. Foi preciso muita paciência da professora e muito sopro no apito para que os ensinamentos básicos fossem seguidos.

Essa pequena história serve para mostrar o dinamismo de Celina Guimarães Viana, uma mulher muito além do seu tempo. Provavelmente, foi ela a primeira mulher no mundo a entrar num campo de futebol como treinadora de rapazes. É esse, pois, o perfil da primeira eleitora da América do Sul.

 FONTE - JORNAL DE FATO

A CONQUISTA DO VOTO FEMININO NO BRASIL, EM 1932

 



Cinco anos após Celina Guimarães ter conquistado o seu título eleitoral, a luta das mulheres brasileiras pelo direito de votar obteve grande vitória. Em 24 de fevereiro de 1932, esse direito foi assegurado no Código Eleitoral Provisório (decreto 21.076), durante o governo de Getúlio Vargas, após longa campanha nacional que teve início antes mesmo da Proclamação da República.

Ressalta-se que o direito de voto da mulher foi aprovado parcialmente. Somente as mulheres casadas, viúvas e solteiras que tivessem renda própria poderiam exercer o direito básico para o pleno exercício da cidadania feminina.

Em 1934, as restrições ao voto feminino foram eliminadas do Código Eleitoral, embora a obrigatoriedade do voto fosse um dever masculino. Em 1946, a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres. A partir daí, as mulheres puderam, além de votar, entrar no mundo político e se candidatar a cargos eletivos.

A antropóloga Maria Elisa Máximo, em uma entrevista ao jornalista Rafael Verch (site OCP on-line), disse que não há dúvidas que o voto feminino foi a primeira grande conquista da mulher brasileira no sentido da equidade social. “Isso levou cidadania às mulheres, para dizer o mínimo. E, nesse sentido, foi uma via importante de empoderamento”, ressaltou.

Elisa Máximo vai além, ao analisar que a conquista do voto feminino trouxe outras conquistas posteriores, como o fortalecimento dos movimentos sociais, a equiparação salarial e de jornada de trabalho, entre outros aspectos. Porém, ela ressalta que “se por um lado a sociedade se abriu para esses direitos da mulher, por outro lado ela parece ter se fechado ainda mais para outros direitos. A meu ver, o controle masculino sobre a mulher continua sendo exercido no domínio da sexualidade e dos direitos reprodutivos e, para mim, é nessa frente que ainda temos muito o que avançar”, afirmou.

 FONTE - JORNAL DE FATO

CELINA FEZ APELO AO SENADO PARA QUE TODAS AS MULHERES TIVESSEM O DIREITO AO VOTO

 



Não há qualquer exagero em afirmar que o pioneirismo da professora Celina Guimarães em Mossoró, com a conquista do direito de votar, marcou a luta das mulheres pelo direito de exercer a sua cidadania. Celina, inclusive, tão logo recebeu o registro eleitoral, fez um apelo ao presidente do Senado Federal para que todas as mulheres tivessem o mesmo direito.

No telegrama enviado, lia-se: “Pelo nome mulher brasileira seja aprovado projeto institui voto feminino amparando seus direitos políticos reconhecidos Constituição Federal – Saudações Celina Guimarães Viana – professora da Escola Normal Mossoró.”

A luta das mulheres, entendia Celina, era de todos, inclusive, tinha no companheiro professor Elyseu Viana o maior incentivador, com quem dividia as vitórias. Fez isso publicamente ao transferir para o esposo o feito do seu registro eleitoral:

“Eu não fiz nada! Tudo foi obra de meu marido, que empolgou-se na campanha de participação da mulher na política brasileira e, para ser coerente, começou com a dele, levando meu nome de roldão. Jamais pude pensar que, assinando aquela inscrição eleitoral, o meu nome entraria para a história. E aí estão os livros e os jornais exaltando a minha atitude. O livro de João Batista Cascudo Rodrigues - A Mulher Brasileira - Direitos Políticos e Civis - colocou-me nas alturas. Até o cartório de Mossoró, onde me alistei, botou uma placa rememorando o acontecimento. Sou grata a tudo isso que devo exclusivamente ao meu saudoso marido.”

Após o despacho do juiz eleitoral Israel Ferreira Nunes, lhe concedendo o direito de votar, Celina Guimarães passou a conscientizar as mulheres sobre a importância do voto. Elaborou um texto, imprimiu-o em forma de panfleto e distribuiu junto às mulheres, solicitando a todas que fossem votar. No material, Celina reiterava que tal ação contribuía para o progresso de Mossoró.

FONTE - JORNAL DE FATO

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